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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Desinformações brasileiras

Quando recebi as primeiras parcelas da bolsa na minha conta no Brasil pensei "que droga, o que eu vou fazer com o dinheiro aqui?", eu só não imaginava o quanto eu estava certa.
Minha primeira ideia quando ainda estava no Brasil foi transferir todo o dinheiro para a conta do meu namorado e aqui eu faria a retirada. Porém, enquanto eu estava no banco para fazer a transação, não só fiquei desanimada com as taxas que no meu caso ficaria aproximadamente 140 dólares para enviar o dinheiro mais as taxas de câmbio (como também teria que pagar taxas extras caso eu estivesse informando qualquer número errado) quanto o dinheiro demoraria de 4-7 dias úteis para chegar ao destino, tipo oi? Era uma quinta-feira e eu estaria na Alemanha na segunda-feira, ou seja, eu viria de avião e provavelmente mandariam o dinheiro de barquinho. 
Resolvi então fazer um daqueles cartões pré-pagos do BB, uma vez que não seria necessária a retirada do dinheiro, achei um bom negócio (sóquenão). Vou ser sincera com você que pretende vir passear na Alemanha (não posso dizer se isso acontece em toda Europa), mas os cartões não são bem vistos aqui, função crédito, por exemplo, jamais vão perguntar se você quer parcelar (acho que nunca ouviram falar sobre isso)... mas voltando à história, sei que paguei R$40 pelo cartão e vou pagar mais isso para cada recarga, não pago nada se usar como cartão de débito, mas para cada retirada existe uma taxa de €2,50,  uma vez que o cartão raramente é aceito, estou preferindo fazer retiradas, e eles ainda me juraram que seria possível ver o saldo em qualquer caixa eletrônico e que o menu seria em português, mentira e mentira. Nunca consegui ver a merda do saldo e tenho sorte que tem a opção em inglês, porque as outras são alemão e turco!! Por fim, estou tirando dinheiro no escuro com contas mentais, e quem me conhece sabe que sou ótima de memória...
Outra coisa, se um dia você precisar fazer uma cartão pra sair do país, saiba que o máximo é de R$10.000,00 ou valores correspondentes em outra moeda, quem estiver viajando é mais que ok, mas se por acaso você for bolsista como eu que recebeu uma bolada em reais (que, acreditem, dá uma boooooa enxugada em euros) que representa suas 3 primeiras mensalidades, auxílio-viagem, auxílio-instalação e seguro-saúde, você não receberá mais nada nos próximos meses e não pode levar todo o dinheiro!! Quer dizer, pode, mas eu estava com pressa, e fui informada que só precisava ter dinheiro na conta, cheguei lá queriam meu passaporte, comprovante de passagem aérea e o documento do Banco Central declarando o porquê de levar "tanto" dinheiro pra fora (hmm, pq preciso contratar um seguro saúde por um ano e viver nos próximos três meses, pagar um calção de 1400 do apartamento novo, €700 de aluguel, comprar móveis e ainda comer, que coisa não?!). Mas tudo bem, como me disseram que poderia recarregar pela internet depois (mentira também, só por telefone), fiz a recarga máxima dentro de um limite seguro para não precisar declarar o dinheiro.
Daí eis que no dia seguinte recebo com grande alegria (eu ainda não sabia do que estava pra acontecer) o tal do cartão BB Américas. Como a compra do euro está ligada ao meu CPF, preferi liberar o cartão na Alemanha e aqui tentaria movimentar minha conta para carregar o tal cartão que tem uma taxa de apenas 2 dólares!!! Mas como nada que é bom dura muito, eis que o tal BB Américas me pede o tal número identificador do Banco do Brasil. Achei que seria fácil, entrei em contato com o BB e eles falaram que é o BB Américas quem me informa. Liguei no BB Américas (ligação internacional para EUA) e eles dizem que o tal número identificador é fornecido pelo meu banco. E aí começou a novela que várias pessoas do meu facebook puderam acompanhar, nenhum amigo do BB sabia sobre isso, nenhum gerente das agências em Bauru souberam informar o número correto, o BB de SP não sabia do que eu tava falando e o BB de Frankfurt falou que só conseguiria tal número o Brasil mesmo. Nem sei dizer quantas horas meus pais ficaram nas agências em Bauru tentando fazer alguém entender do que eu precisava.
Por fim, uma amiga encontrou um número que deu certo para registrar a conta, mas pertencia ao BB Américas, logo não deu certo para identificar o meu banco, e então após alguns e-mail para o BB Américas e dias para receber a resposta (não dá pra ligar pros EUA toda hora!), uma criatura que não entendeu o que eu perguntei respondeu uma coisa que até agora NINGUÉM soube me dizer, que só dá para fazer transações para o cartão pré-pago do BB Américas a partir de uma conta americana. Lindo. Minha indignação: COMO NINGUÉM SABIA DISSO? Pouparia ligações, idas às agências e dias úteis para que eu me virasse de outro jeito!
Sei que então liguei no BB para recarregar o outro cartão mesmo, mas depois de ser empurrada para várias pessoas, me informaram que preciso ligar durante dias úteis e horário de banco, só porque sou correntista, ou seja, se eu não fosse teria mais vantagens?! Claro que hoje é feriado, e segunda-feira também, então só vou conseguir ligar (para ver se vai dar certo) na terça-feira. Me senti aquelas pessoas com TV por assinatura que querem mudar o plano e aproveitar os 3 primeiros meses com desconto mas não podem porque já são assinantes!!
Resumindo a história, disse que a Alemanha era burocracia pura, mas descobri que aqui na verdade são conjunto de regras bem organizadas, seguindo passo a passo você vê a luz no fim do túnel, agora no Brasil, são conjunto de regras que levam a lugar nenhum e ninguém sabe te informar sobre nada. Coisa linda de ver!


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