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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Como conseguir uma bolsa para estudar fora?


Esse é meu primeiro post feito por encomenda! Já tinha pensado em escrever sobre o assunto por ter várias pessoas me perguntando e por fim foi caindo no esquecimento...  mas já que veio à tona, vamos lá dedicar um post para responder a pergunta: como conseguir uma bolsa para estudar fora?


Fonte: Google Images

Hoje eu sinceramente acredito que está muito mais fácil. Por exemplo, 8 anos atrás (!!!) quando entrei na faculdade,  o programa Ciências sem Fronteiras (CsF) ainda não era esse sucesso todo, então quem quisesse fazer um intercâmbio durante a faculdade precisava muitas vezes de um paitrocínio para poder realizar tal sonho. Já hoje, a meta só para as bolsas de graduação sanduíche para 2015 é de chegar a mais de 60% de todas as bolsas de estudos no exterior (64 mil bolsas de 101 mil bolsas oferecidas), ou seja, se for o seu caso, a chance é muito grande, basta ficar de olho nos editais do site do CsF. Mas hoje vou falar especificamente das bolsas de doutorado, vamos lá:

1. Doutorado Pleno ou Doutorado Sanduíche?
Então primeiro é preciso ter foco. Quanto tempo você quer ficar no exterior? Faça planos acessíveis, obviamente se você tem parceiro, filhos ou familiares que dependem de você fica um pouco mais complicado (mas definitivamente não impossível). Caso se decida pelo Doutorado Sanduíche, você terá seu orientador no Brasil e no seu plano de estudos fará um cronograma de 3-12 meses para um aprofundamento teórico, coleta parcial de dados ou aprendizado sobre novas ténicas para aplicar no seu projeto. Caso seja de seu interesse (e dos seus orientadores), o período pode ser estendido por até 24 meses. Lembrando que nesse caso, não há benefícios para dependentes. Já o Doutorado Pleno normalmente é realizado entre 36-48 meses inteiramente no exterior. Nesse caso, há um adicional para até dois dependentes, desde que a permanência deles no exterior seja de no mínimo 9 meses ininterruptos.

2. Como conseguir um orientador estrangeiro?
a) Claro, é muito mais fácil caso seu orientador do mestrado ou professores da (pós)graduação tenha algum contato na sua área. No meu caso eu não tinha ninguém. Se esse também é seu caso, fique tranquilo que ainda tem outros métodos!
b) Se o seu objetivo for fazer o doutorado na Alemanha, no site do DAAD tem uma parte em que se oferece as vagas de doutorado (caso tenha interesse, clique aqui), você abre e veja se o seu perfil encaixa no que o seu futuro provável orientador procura e entre em contato! Sugiro que procure em várias áreas porque muitos cursos são bem interdisciplinares, por exemplo, sou fisioterapeuta, faço parte de um laboratório de engenharia na faculdade de medicina. Então tire o dia para procurar o seu orientador com calma, afinal, você precisa gostar do que vai fazer dentro dos próximos 3-4 anos!
c) Se você não quer Alemanha (ou não tinha nenhuma proposta interessante no site) e no país que você procura não tem nenhum site assim, faça o seguinte: abra TODOS os artigos que você tem das suas última revisões, separe os seus favoritos e procure mais artigos dos últimos anos desse autor que você separou. Vai te dar uma ideia do que esse pesquisador tem trabalhado nos últimos anos, e, caso seja do seu interesse, entre em contato (é pra isso que tem o e-mail do autor principal nos artigos).

3. Como entrar em contato com um futuro provável orientador desconhecido?
Primeiro se apresente, claro, e em seguida elogie o trabalho do seu pretendido orientador. Depois de massagear o ego, diga quais seus interesses e o porquê. Por exemplo: “Olá, meu nome é Fulano. Vi que o(a) senhor(a) trabalha com com o assunto x (mostrando que você não está por fora do trabalho dele(a)), pois li o artigo y e fiquei muito interessado na sua pesquisa (massageada no ego). Gostaria de poder discutir com o(a) senhor(a) a possibilidade de fazer parte do seu grupo de pesquisa para poder desenvolver um projeto de doutorado (direto ao ponto).  Sou formado em z, tenho especialização/mestrado em w e trabalhei com p (breve apresentação sobre suas habilidades). Espero ansiosamente por uma resposta, com os melhores cumprimentos, Fulano”. O máximo que pode acontecer é você não ter uma resposta, mas se você não enviar, também não vai obter nenhuma, então eu diria que com o e-mail você já está no lucro. Sugiro ainda que você já traduza o seu currículo para a língua do seu orientador (ou no mínimo inglês) porque é a primeira coisa que todos eles perguntam. Alguns deles podem ainda sugerir alguma entrevista pelo Skype, então fiquem preparados.

4. Quais os documentos para fazer inscrição?
Basicamente é preciso preencher o formulário online com informações pessoais, enviar o CV (lattes), históricos escolares (graduação e de pós), currículo do possível orientador, carta de aceite ou correspondência trocada e o plano de estudos.

* Carta de Aceite *
Eu daria uma atenção especial para essa carta. É nela que você vai provar que você e o seu futuro orientador estão em perfeita harmonia e que realmente ambos estão firmes no objetivo de trabalharem juntos. Se você tiver um pouco de sensibilidade (e coragem), peça que ele descreva como vocês começaram o contato, como você será recebido e orientado. Se a carta de aceite não estiver muito boa, anexe os e-mails que vocês trocaram, mas geralmente eles sabem como fazer. Ah, a carta pode ser em inglês mesmo.

* Projeto de Pesquisa *
O projeto é meio que livre, então não entre em pânico. Como o projeto pode ser em português, você não precisa ficar enviando para seu futuro orientador corrigir. O objetivo é avaliar se você sabe desenvolver um projeto de pesquisa, ainda que não seja exatamente o projeto que pretende cumprir, afinal, a maturidade para desenvolver o projeto virá nos anos de doutorado, e não no desespero de conseguir uma bolsa. Mas também não escreva algo muito longe do que será realizado. Baseie-se nos últimos trabalhos do seu orientador e na sua experiência. Peça sugestão ao seu orientador, a minha me deu várias dicas para que eu fosse mais rápida no meu processo, mas ela já tinha orientado um brasileiro antes com a mesma bolsa, então ajudou bastante. Mas tenho certeza que se você explicar tudo que precisa para seu orientador e ele realmente te quiser no grupo de pesquisa dele, ele fará o possível para te ajudar também. Eu fiz tudo no padrão ABNT, com capa (com o nome da universidade de destino, título, cidade, ano), introdução e justificativa (foquei em dados epidemiológicos brasileiros e no quanto a tecnologia alemã poderia ajudar - se você conseguir associar qualquer tipo de tecnologia é sucesso garantido!), objetivos gerais e específicos, metodologia com direito a fluxograma para não deixar dúvidas, especifiquei as tecnologias que seriam utilizadas (baseadas no que minha orientadora possui no laboratório) e como seria a futura análise de dados. Não se esqueça de deixar todos os verbos no futuro. Referências. Justificativa pela instituição no exterior: não sabe o que escrever? Entre no site da instituição e se aproveite da justificativa deles! Cronograma de atividades feito no excel, colorido com passo a passo: familiarização com laboratório, discussão sobre o projeto e revisão da metodologia (ou seja, o seu projeto vai mudar), revisão de literatura, estudo piloto, coleta de dados, análise e discussão dos dados, elaboração de artigos, defesa da tese e prestação de contas.

5. Quanto tempo demora todo o processo até ter o contato com o orientador, carta de aceite e resposta?
Calma. O tempo varia muito e depende exclusivamente de você e do seu orientador. No meu caso, em 20 dias após o primeiro contato estava com o projeto pronto e carta de aceite e currículo da minha orientadora em mãos para anexar na inscrição. A resposta demorou mais de 5 meses. Sim, quase entrei em desespero e morria de vergonha quando minha orientadora mandava e-mail perguntando por novidades. Mas sei de casos que demoraram 5 meses até o orientador realmente dar alguma resposta positiva. Mas quando enviei, ainda não tinha os calendários fixos com período de envio e de resposta e quando vai começar as atividades. Era fluxo contínuo tanto para pedir a bolsa quanto na universidade de destino. Então sugiro que você fique esperto com as datas e avise seu orientador até quando você precisa dos documentos.

6. Tenho que fazer prova de proficiência?
Não necessariamente, depende da sua universidade de destino. Caso esteja indo para Portugal por exemplo, obviamente você não precisa de certificado de português. E ainda existem várias universidades internacionais que é só exigido inglês. Minha orientadora deixou especificado na carta de aceite que na instituição aqui não é necessário provar meu alemão (ou sem chance!) ou qualquer outro idioma. Já tínhamos nos falado pelo Skype e tive a oportunidade de vir conhecê-la antes do resultado final e a comunicação em inglês foi tranquila, mas ela deixou claro que quer que eu aprenda o idioma, pois as reuniões do grupo e disciplinas que ela ministra (e gostaria que eu pudesse assumir algumas aulas no futuro) são todas em alemão. Algumas outras é necessário fazer os testes de proficiência, então fique de olho ou pergunte para seu orientador se é o caso e cuide disso com antecedência. E se não for o caso, elabore um arquivo em .pdf escrito "Não se aplica".

7. Preciso do mestrado para fazer o doutorado pleno?
Não necessariamente, depende da sua universidade de destino. De novo, converse com seu orientador para ver se é o caso, pois ainda que ele te aceite, é necessário verificar na instituição se o doutorado direto é uma opção. Mas não é impossível, no primeiro contato já especifique que você não fez o mestrado para facilitar a escolha pelo lugar certo.

8. O que são as taxas escolares e de bancada?
Nem todas as universidades são de graça! E o CsF paga pelas anualidades do seu doutorado. Procure no site da sua universidade o valor que você precisa pagar (geralmente são anualidades) para preencher no formulário online durante sua inscrição. No meu caso, perguntei para minha orientadora e ela falou um valor aproximado, então já está previsto o valor, eu pago semestralmente e envio para ter o reembolso. Já a taxa de bancada é pra custear o seu projeto, quando exigido pela instituição. Verifique com seu orientador se será preciso e faça uma cotação do valor necessário.

9. O que fazer enquanto aguardo a resposta?
Comece a se preparar para a mudança, claro! Entre no site da universidade, verifique todos os documentos necessários para a matrícula, vá atrás de um tradutor (se não conhecer nenhum, entre no site do consulado do seu país de destino no Brasil que geralmente eles oferecem uma lista) e traduza seus documentos (diplomas e históricos escolares). Fique preparado para dar entrada no visto separando todos os documentos e formulários exigidos. Quanto mais organizado você estiver, menos stress para resolver tudo no curto período entre o aceite e o embarque.
 
Fonte: Google Images

Esses são os passos básicos e dúvidas mais frequentes. Eu poderia dar mais informações, mas todas elas estão nos manuais de cada bolsa específica do CsF. Única coisa que eu posso dizer é: se você fizer todos os passos e pedir a bolsa, a chance de você conseguir é de 50%! Sim ou não. Mas se você não enviar a proposta, com certeza a chance é de 0%. Só por curiosidade, até 2015 serão concedidas 15 mil bolsas de doutorado sanduíche e 4,5 mil bolsas de doutorado pleno. Uma delas pode ser sua! E se o seu orientador tiver interesse, existem diversas outras formas de se conseguir recursos para desenvolver seu projeto no exterior, tenho certeza que ele saberá te orientar. Boa sorte!!


 
Fonte: www.cienciasemfronteiras.gov.br e experiência própria.

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