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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ah, o verão!

E o mês de julho se foi e agosto está quase na metade. O dois meses mais quentes do ano, no pico do verão, deixou na saudade o total de 2 dias de temperatura acima dos 30 graus Celsius!! Durante todo o mês de julho, somente 5 dias ultrapassaram os 25 graus Celsius... ou seja, juntando tudo tivemos uma semana quente! E quando digo quente, não significa que o sol estava brilhando e encorajando todos a passar o final de semana na praia, muitas vezes estava abafado mesmo e daí a chuva vinha e no dia seguinte voltava para a média do mês20 graus Celsius!! 
As outras três semanas do mês, basicamente ficou abaixo dos 20 graus Celsius, claro que um dia ou outro da uma esquentadinha depois do almoço e passa um pouco, mas na média, realmente ficava por aí. Engraçado que qualquer coisa acima dos 18 graus Celsius aqui é o suficiente pra galera em geral sair sem blusa ou mesmo de shorts, eu mesma confesso que pelo menos quando de manhã já está próximo dessa temperatura, sei que vai esquentar um pouquinho durante o dia e uso roupas mais leves também. Devo estar ficando um pouco mais resistente, o que ao mesmo tempo alivia me dá um pouco de medo quando estiver de volta no Brasil em pleno verão (de verdade)!!
E o grande problema dos dias mais quentes é que os alemães definitivamente não estão preparados para eles. Digo tanto por questão dos lugares serem todos construídos para manter o calor dentro, então fica incrivelmente abafado quando a temperatura sobe um pouquinho (e obviamente ar condicionado não é um artigo muito comum por aqui) quanto pelos próprios alemães parecer ter um pavor de lugares ventilados! Já cheguei a ter problemas no trem por querer manter a janela aberta enquanto o sol brilhava lá fora e o tal alemão alegou que poderia pegar um "resfriado" por conta da corrente de ar. Não precisa ser muito inteligente para saber que na verdade os lugares fechados que aumentam a proliferação de doenças...
Mas enfim, o clima aqui é tão maluco que uma vez passei o dia tirando foto da janela do meu trabalho, e a cada 2-3 horas o céu estava completamente diferente!! Não é a toa que a Alemanha é o terceiro país no mundo em produção de energia eólica!! 


9:47

14:53

15:33

16:45

E cada dia fica mais fácil de entender o motivo da descrição de um dia bonito na Alemanha: um dia com sol. Em pleno verão, o termômetro chegou a marcar 12 graus Celcius durante o dia, mas como estava sol, escutei diversas vezes: "o dia está bonito hoje, né?". Sempre respondia: "mas está frio", e em resposta era "mas olha esse céu azul e o sol brilhando...  lindo!". E eles ficam malucos quando o dia está "bonito", 80% das vezes em que o sol brilhava lá fora, independente da temperatura, abrimos mão de almoçar no mensa (restaurante universitário) para comprar sanduíches ou salada na cantina em frente ao instituto e sentamos no sol para comer, ao ar livre! 

19 graus e sol!

Claro que eu como brasileira ainda não dou todo esse valor para o sol, tanto que algumas vezes eu procuro uma semi-sombra para me sentar, o que sempre é engraçado pra eles. Mas já fui avisada diversas vezes que isso vai mudar após meu primeiro inverno aqui... 
bom, enquanto escrevo, estou aqui, toda agasalhada olhando a chuva lá fora, e se eu estivesse escrevendo ontem, diria o mesmo! Ah... o verão! Imaginem como vai ser no inverno!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Casamento de alemães



Em agosto fomos convidados para duas diferentes cerimônias de casamento na Alemanha, uma em Aachen e outra em Flensburg. A primeira cerimônia, em Aachen, foi de uma colega de trabalho, que eu sabia sobre o casamento, mas não esperava ser convidada por termos nos conhecido há pouco tempo. E amei a experiência, o casamento foi muito diferente do que estamos acostumados e muito legal, vi tanto protocolo ser quebrado que preciso documentar aqui porque sei que um dia vou esquecer. O outro casamento de Flensburg ainda não aconteceu, e se for diferente desse conto depois também.
Primeiro, foi o casamento civil. Pelo que entendi, não existe "religioso com efeito civil", então necessariamente os noivos marcam o dia no Rathaus (prefeitura) para poderem se casar perante a lei. No caso deles, foram 2 semanas antes do religioso e festa. Foi um evento mais íntimo, não fomos necessariamente convidados, mas todos do trabalho fomos esperá-los na saída da Rathaus para cumprimentá-los. A família saiu primeiro, fizeram um corredor com rosas para que eles passassem por baixo e uma faixa no final, a qual eles precisaram cortar, no sentindo de "inauguração" de uma nova vida! Achei lindo! Depois colocaram duas mesas, dessas que ficamos em pé próximo delas, com bolo de côco e champagne, no meio da praça do centro da cidade. Enquanto isso, chegavam mais e mais noivas para a sua vez. No caso da minha colega, ela não estava vestida de branco, pois ainda teria o dia do casamento propriamente dito, e ela preferiu não fazer tudo no mesmo dia. Ah, demos um saquinho de arroz colorido de presente, mas ninguém jogou arroz neles, pois se você fizer isso na Alemanha, você é obrigado a limpar depois ou pagará uma multa. Melhor não, né?!

Noivos cortando a faixa para inaugurar vida nova.

A cerimônia religiosa foi em um sábado ao meio dia pontualmente. Estava previsto chuva, mas por sorte fez sol o dia todo, e nem estava assim tão frio. Foi minha primeira vez dentro de uma igreja protestante, confesso que fiquei um pouco chocada com as paredes brancas com um crucifixo dourado no altar, e só! Desculpem a ignorância, mas sou católica de berço, e nunca entrei em outras igrejas, nem por curiosidade, sabia que protestantes não gostam de imagens, mas nunca senti na pele o quão vazio fica o espaço sem elas. E depois fiquei ainda mais chocada quando vi o pastor de túnica branca (alba) e estola. Aliás, ele foi o primeiro da procissão, depois vieram os noivos (?). Sem padrinhos, sem daminha, nem pais. Claro que é do gosto dos noivos, mas mesmo em cerimônias não religiosas a noiva faz todo um mistério sobre o vestido, o noivo espera pela noiva no altar, mas nesse caso ele já viu lá fora, antes de todo mundo...

Igreja.

Enfim, não tenho muito mais o que falar sobre a cerimônia pois ela foi em alemão, obviamente. O pastor parecia divertido, pois as pessoas riram em algumas partes. E para variar, mais uma vez vi a Alemanha dando aula de organização: logo após saída dos noivos, as pessoas saíram da igreja em ordem dos bancos, quem estava na frente foi saindo em procissão atrás deles e assim foi, banco por banco, sem atropelamentos. Logo após a cerimônia, fomos ao salão da igreja que tinha uma área com gramado e árvores onde fizemos uma fila para cumprimentar os noivos e depois foi servido vinho e sucos além de bagels e por fim, bolo. Então recebemos um cartão postal para escrever uma mensagem aos noivos amarrada à uma bexiga com gás hélio. Ou seja, os noivos não leram os cartões, mas as instruções dadas na frente do cartão era algo do tipo "se você tiver um bom coração, celebre o amor dos nossos queridos noivos enviando esse postal para eles". Atrás estava nossa mensagem com o endereço deles e a pessoa que achasse poderia colocar o endereço dela também. E então fomos todos lá fora soltar nossos balões com as mensagens. Espero que alguma chegue para eles!

Balões no céu.

Lá nos despedimos, e ainda faltavam algumas horas até a festa. Fomos para um café para passar o tempo e depois fomos caminhando devagar para a estação de trem que encontraria pessoal do trabalho que ia dar carona pra gente até o castelo na Holanda. Claro que nesse meio tempo, levei uma sapatilha de balé dobrada no bolso do meu namorado para usar enquanto não estivesse na festa, ou jamais daria conta!!

Esperando pela nossa carona!

Chegamos no castelo, estava rolando uma recepção do lado de fora. Os noivos estavam recebendo os presentes, que na verdade foi pedido em dinheiro (pois eles já moram juntos há muito tempo), mas para não ficar impessoal, maioria dos convidados compraram pequenos mimos e colocaram o dinheiro dentro. Uma colega do trabalho escreveu o nome dos noivos em um quadro no tear com linhas coloridas e pendurou o dinheiro da nossa vaquinha em sanfoninhas, várias notas de 50 e 100 euros, até eu queria ganhar uma!! Como os dois jogam tênis, vi outras pessoas dando raquetes com dinheiro, bolas de tênis, enfim, achei pessoal bem criativo!

Vista do castelo do lado de fora.

Lá também recebemos papel colorido para escrever uma mensagem para os noivos e depois de entregar, era preciso tirar fotos com uma moldura de flores. Talvez tenha sido um jeito de tirar foto de todos os convidados. Enquanto outros entregavam presentes, tiravam fotos, escreviam mensagens, cumprimentavam os noivos de novo, o garçom passava servindo gin-tônica, suco de grapefruit com campari e vinho. E então a porta do salão do castelo abriu e fomos todos para dentro. Os lugares estavam todos reservados, então com uma rápida olhada na lista, vimos em qual mesa deveríamos nos sentar e, para nossa surpresa, em frente a cada cadeira tinha uma lembrancinha com uma foto pessoal e, atrás, nosso nome. No meu caso tinha uma foto com o noivo, que tinha tirado algumas semanas antes do casamento em um churrasco do trabalho, fiquei surpresa pois nem tinha visto a foto ainda!! Como eles não tinham foto do meu namorado, eles entraram no meu facebook e pegaram uma foto nossa para colocar no lugar dele! Parece que eles tiveram trabalho, mas não parou aí. Quando todos se recuperaram da surpresa de ver suas fotos nas mesas, os noivos se levantaram para o primeiro discurso: agradeceram a presença de todos e apresentaram os convidados de TODAS AS MESAS - NOME POR NOME!! Fiz as contas por baixo, eram aproximadamente 120 convidados pelo número de mesas com 10 lugares cada. A noiva apresentava quando era família e amigos dela e o noivo o mesmo com os convidados dele, mas ainda assim, eles sabiam o nome de todo mundo!!

Meu lugar na mesa.

Antes do jantar ser servido, o pai da noiva fez o primeiro discurso. Como "autoridade" ali, ele deu permissão para todos os homens da festa tirarem seus paletós e ficarem mais a vontade. Todos tiraram na mesma hora, noivo inclusive! Foi um discurso rápido, mas pelo jeito divertido. E então veio a entrada (filé de peixe com algum molho), o prato principal (filé bovino com aspargo, cogumelo e chucrute) e, por fim, a sobremesa (sorvete com mini bolinhos de marshmallow cobertos de chocolate e framboesas frescas). A bebida era vinho, água e cerveja.

Prato principal.

Sobremesa.

E então, após o jantar, foi a vez do pai do noivo fazer o discurso. Ele estava vestindo o paletó de propósito, e fez como quem se lembra que alguém mandou ele tirar... depois disse que não sabia o que falar, mas como pediram que ele falasse, ele ia então contar uma história qualquer (e tirou de uma maleta um calhamaço com o que parecia ser umas 600 páginas). Ele escreveu um poema, eu não entendi tudo, mas conseguia entender as rimas, e o melhor, ele representava! Era um ator, bem ali na minha frente, contando a história do carro dele que o filho pediu algumas vezes emprestado para impressionar a namorada. Foi um pouco mais demorado, mas foi bem aplaudido! Por fim, os padrinhos também fizeram sua homenagem com uma montagem no power point sobre a história dos noivos, também com rimas! Ou seja, não era um vídeo, e sim fotos que combinassem com o poema que eles escreveram, e eles iam passando foto a foto enquanto liam... ficou muito legal!!
Depois de todos os discursos, 8 mesas foram retiradas do salão, ou seja, hora de se levantar para abrir a pista de dança. Os noivos tiveram a primeira dança, foram puxando mais e mais gente e então, quase todos estavam lá no meio! E assim a festa foi pra lá da madrugada, se eu já achava que brasileiro gosta de uma festa, definitivamente os alemães não ficam muito atrás.
Mas a melhor parte disso tudo é que essas recepções que eles puderam abraçar todo mundo, deixou a noite mais leve. Não teve cerimonialista chata chamando pra cortar o bolo, fazer brinde para foto, tirar fotos com os pais, entregar presente para os padrinhos, abrir pista de dança... Aliás, tenho pavor de cerimonialista. E de protocolos. Não ligo muito para o bolo, mas fiquei chateada com a falta da mesa dos doces... quem sabe no próximo!