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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Momento nostalgia: 2 anos de EUA!!

Existia uma possibilidade de fazer meu doutorado no Brasil e um período sanduíche na Califórnia, então meu orientador, na época do mestrado, me perguntou se eu poderia ir para conhecer a California State University - Fullerton. Combinei data com a tal provável futura co-orientadora e fui atrás do visto que foi o maior inferno na minha vida. Depois de formulários gigantescos perguntando até se minha intenção era me drogar ou me prostituir em terras americanas e longas horas nas filas (em dois dias diferentes), finalmente consegui o tal B2 (turismo)!!
ROTEIRO: 3 dias em Los Angeles, 5 dias em Fullerton, 2 dias em NY e 1 dia em Miami.
Um amigo que na época morava em LA me orientou a não me hospedar no centro da cidade, então resolvi ficar no hostel em Santa Mônica que SUPER recomendo, não somente por ter conhecido meu namorado lá, mas pela localização! Em basicamente uma quadra você já está na praia, próximo ao famoso píer de Santa Mônica, variedade de ônibus por perto para qualquer lugar, aeroporto inclusive, e muitos bares e restaurantes, além de ser uma área bem tranquila. Como eu sempre faço quando chego em algum lugar novo, jogo as malas num canto e saio para conhecer as redondezas! Andei pelo píer e depois desci para caminhar nas areias e molhar os pés nas praias do oceano pacífico...

Santa Mônica, California.

No dia seguinte fui procurar o brasileiro que era recepcionista do hostel para pedir informações sobre como chegar em Hollywood. Mas já tinham duas pessoas na minha frente, um também esperando enquanto o outro ruivo conversava com o recepcionista. Escutei a conversa por um tempo e percebi que ele estava pedindo a mesma informação. Me intrometi em português mesmo para confirmar o que já tinha entendido e então o outro moço que estava tímido esperando sua vez se aproximou porque também queria a mesma informação. Resultado: ganhamos um mapa e uma explicação conjunta e, claro, a partir daí, por que não irmos todos juntos?! Um alemão, um espanhol e uma brasileira, todos viajando sozinhos de repente se cruzam para descobrir a calçada da fama.

Walk of Fame, Hollywood.

Walk of Fame, Hollywood.

Confesso que fiquei meio decepcionada quando cheguei lá, esperava tipo um calçadão com as estrelas, tanto que quando chegamos ficamos em dúvida se já era lá ou se era tipo uma cópia no caminho da calçada original, mas não, é isso mesmo, uma calçada suja abarrotada de lojas e gente fantasiada querendo ganhar uns dólares. Ah, com as estrelas no chão, claro. Saímos de lá e fomos para a Universal Studios!

Universal Studios Hollywood.

Universal Studios Hollywood.

Universal Studios Hollywood.

Almoçamos lá fora e fomos pra portaria comprar nossos ingressos. Na época pagamos 80 dólares para entrar lá. O pior é que custava 80 dólares o 1 Day-Pass e 100 dólares o 12-Month Value Pass. Os valores atualizados estão aqui. Eu não tinha em planos visitar o parque, mas como estava com companhia e eu não tinha pesquisado muito sobre o que fazer em Los Angeles embarquei junto. O parque é bacana, mas o preço é bem salgado para o que eles oferecem... ah, como era final de setembro, tudo nos EUA estava em clima de Halloween.

Monstros por todo o parque!!

The Simpsons.

Cool Zone pra quem não aguenta o calor!
Fotos dos meus sonhos em LA!!


Fizemos o famoso "Studio Tour" e pudemos ver alguns cenários de filmes, simulações de enchentes (10 segundos), pessoas sendo comida por tubarões (e ver o "sangue" na água), destruição deixada pós um avião cair... de longe a melhor atração do parque!! Ahh, os passeios de barco nos cenários de Jurassic Park e o passeio de trem também no meio dos dinossauros também foi beeem bacana, com direito a sentir o calor do fogo de uma explosão, água jorrando na gente, sentir a terra tremendo com os dinossauros vindo perto!!


No final da tarde fomos no Starbucks (no meu caso, pela primeira vez) onde me tornei a Leejah. Voltamos para o hostel e combinamos de nos escontrarmos todos no hall de novo pós banho para jantarmos e tomar alguma coisa. No quarto conheci outra brasileira que se juntou a nós formando o quarteto.


Dia seguinte fomos caminhar pela praia até chegar em Venice Beach. Eu e a outra brasileira nos jogamos na areia para tomar um bom sol, o espanhol saiu para correr e o alemão quase morreu de calor e foi procurar uma sombra!! 



A noite fomos no Griffith Observatory ver a vista de Hollywood que foi outra decepção, os letreiros não são iluminados e não consegui ver nada, a vista noturna compensa, claro, mas decepcionante. O observatório em si é um tédio, então pegamos metrô e fomos passear pelo centro de LA. Dia seguinte arrumei as malas e sai para curtir as últimas horas em Santa Mônica. De lá a brasileira do nosso grupo resolveu vir para Fullerton comigo e os meninos iam encontrar com a gente no meio da semana em alguma praia entre as duas cidades.

Vista do oceano Pacífico!

Roda gigante do Píer de Santa Mônica.

Na verdade o hotel que ficamos era em Anaheim, 15 minutos de ônibus eu estava na Cal State University. Não tive tempo de conhecer a cidade em si, passei o dia na universidade conhecendo os projetos e alunos da minha futura provável co-orientadora ou mesmo passeando pelo campus, e estava maravilhada. O hotel era muito bom, super recomendo para quem for para a Disney da California (todos os dias no café da manhã via famílias inteiras se preparando para passar o dia no parque), quem quiser mais informações veja lá no site do Lemon Tree, com direito a cama king size, piscina e spa.

Relaxando na água quente....

No meio da semana resolvemos nos encontrar todos os quatro em Long Beach, pegamos dois ônibus para conseguir chegar até lá, fomos de biquíni super verão para poder curtir mais um dia de praia, mas a cidade era mais um porto que praia mesmo, e a praia em si nada convidativa para entrar na água. Mas nos divertimos a valer passeando pela cidade e fechando a noite com uma bebida.

The Queen Mary.
Long Beach.

Foto mais TOP da viagem!

Despedida...

O melhor de tudo foi nosso caminho de volta, os meninos tinham várias opções até Los Angeles, mas quem disse que tinha ônibus para Fullerton/Anaheim?! Hahahaha, os meninos levaram a gente até meio caminho, de lá eles voltaram pra LA e ainda assim não tinha mais nenhum outro jeito de voltar que não fosse de táxi. E claro que o taxista percebeu que eram duas mulheres, turistas e sozinhas à noite, e ele era o único na estação de trem no meio do nada, então cobrou seu preço por isso. Nos recusamos a pagar o preço dele e continuamos perguntando pra todo mundo se existia uma forma alternativa pra voltar pra Anaheim, então um motorista de ônibus ofereceu pra gente irmos com ele até a garagem levar o ônibus e de lá daria uma carona por um preço mais acessível que o taxista!! E bingo, foi o que fizemos!! Foi a maior loucura da viagem, mas inesquecível!!
Na sexta-feira me encontrei com o Tim no aeroporto, eu estava a caminho de NY e ele do Hawaí.  Meu vôo era durante a noite e o dele de madrugada, então ambos fizemos check-out e fomos direto pra lá. Almoçamos juntos e combinamos os detalhes para ele vir ao Brasil me visitar final do ano para natal e ano novo. E juro que não existia nenhuma segunda intenção no convite, só achava mais que bacana receber uma pessoa que conheci numa viagem em casa, e pensava na possibilidade de um dia vir para a Alemanha também com free-hotel! (Só não sabia que quando isso acontecesse seria na condição de namorada!!).

Nosso primeiro (de muitos!) encontros nos aeroportos...


NY merecia um post a parte, mas como pretendo voltar vou deixar para fazer isso nessa ocasião. Se eu fiquei apaixonada pela Califórnia, nada se compara ao amor verdadeiro por NY. Mas infelizmente cheguei sábado de manhã (5h), deixei a mala lá e saí para dar uma volta, exausta! E já tinha que ir embora no domingo à noite. Mas consegui fazer até que bastante coisa, no sábado ainda fui ao Central Park, Times Square e Empire State. De quebra fiz umas comprinhas e ganhei uma make-up. Fiquei no HI Hostel NY, que além de super bem localizado, conheci outra turma incrível de canadenses, algumas outras nacionalidades que não lembro agora e mais uma brasileira. Eu queria descansar, mas as meninas do meu quarto não me deixaram ficar lá, que eu precisava conhecer a vida noturna de NY, e no fim valeu muito a pena!!









No domingo cedinho fui conhecer a tal da Estátua da Liberdade, é mágico quando você entra no Ferry e vai chegando cada vez mais pertinho dela!! Aproveitei para curtir a vista de Manhattan, que não estava tão boa por conta da chuva, mas ainda assim linda!

Estátua da Liberdade.

Vista de Manhattan.

Próxima parada foi no MoMA (Museum of Modern Art), só para tirar fotos para minha irmã linda e para a minha amiga Carol, que ficaram morrendo de inveja. E lá eu vi uma das minhas obras preferidas na vida: Noite estrelada de Van Gogh!! E outras que tenho certeza que até minha sobrinha de 2 anos faria melhor. E a noite fui dar uma olhada na vista noturna do Rockefeller Center.

Museum of Modern Art.

Noite estrelada de Van Gogh.

?

Vista noturna de NY.

Rockefeller Center.

Voltei para o hostel para descansar um pouco antes de seguir no meio da madrugada para o aeroporto, fui para Miami de onde pegaria o meu vôo para SP. Não tirei fotos da cidade lá pois único lugar que conheci foi o Dolphin Mall para fazer compras, não era pra ter nem ficado 24 horas na cidade, mas como eu desmaiei depois de tanta correria de aeroportos, claro que perdi hora e, consequentemente, o avião!! Isso me custou 10 horas a mais de castigo no aeroporto. Mas dei um show de crise de desespero que no fim pelo menos não me custou nada a mais na passagem!
Bom, esse é um não tão breve resumo da minha primeira vez em terras americanas, e as primeiras aventuras com a melhor companhia do mundo, onde o melhor de tudo foi a sementinha plantada! Nem eu e nem ele imaginávamos onde isso tudo ia parar, mas sai de lá com a certeza que tinha feito pelo menos um grande amigo e que minha próxima viagem seria para a Alemanha!! E assim que foi! Mas bem além das expectativas.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Stand-up em Wildenhof

Nem só de pesquisa vive o homem... e foi pensando nisso que nosso instituto organizou um novo evento para integração do grupo. Após a experiência com a “Festa deVerão”, que foi ótima, fui umas das primeiras a confirmar presença!
Dessa vez nosso evento foi no RWTH Aachen Wildenhof, no lago Rur em Eifel. A universidade possui tal propriedade onde alunos podem frequentar para praticar esportes e relaxar. O instituto reservou a propriedade para todos os funcionários, pesquisadores e alunos, e uma semana antes recebemos uma lista com os esportes que seriam oferecidos no dia para que pudéssemos escolher: stand-up, vela, windsurf, caiaque e vôlei. 

Vista do lago Rur da propriedade de Wildenhof

Escolhi o primeiro: stand-up! No dia que vim para o instituto me encontrar com nosso pessoal do laboratório para pegar carona eu ria sozinha, estava MUITO FRIO!! Maioria do nosso grupo escolheu o mesmo esporte, e estávamos considerando fortemente em desistir.
Depois do discurso inicial dos orientadores de cada laboratório do instituto que eu não faço menor ideia do que foi falado (sim, em alemão), os grupos de cada esporte foram receber instruções. Foi disponibilizado roupas de neoprene para todos, eu nunca tinha usado antes, pois se soubesse que eram isolantes térmicos (além de impedir entrada de água), já teria ficado imediatamente aliviada, mas ainda depois de me trocar e ver o primeiro grupo saindo para o passeio, ficamos perto do rio e a água estava congelante!!

Durante o discurso.
 
Primeiro grupo recebendo instruções.


Prepararando...
 
Stand-up.

Depois de mais ou menos 1 hora, o primeiro grupo chegou e, com exceção de uma pessoa, estavam todos secos. Ou seja, 10% do grupo caiu no lago. E soubemos pela nossa instrutora que foi porque depois que o primeiro caiu, ninguém mais quis cumprir os desafios. Mas quando chegaram, quase todos pularam no lago para nadar.. vai entender!!

Primeiro grupo nadando depois de chegar.
 
Nosso grupo (incompleto) antes de começar.

Então foi a nossa vez, sentamos na prancha e a instrutora deu todas as recomendações de onde pisar, como remar, dicas de segurança e quando ninguém mais tinha dúvidas, empurrou a gente pra água em cima da prancha (sentados). Primeira tarefa: ficar em pé. Foi muito mais fácil que eu imaginava (apesar de parecer estar usando toda minha concentração na foto). E é muito mais gostoso que eu imaginava! Ah, se eu soubesse antes não teria perdido tantas das oportunidades que tive quando vi pessoal fazendo no Brasil.
 
Tentando levantar.
 
Yey!! :D

Quando estávamos mais longe, nossa instrutora começou a nos dar alguns desafios: ajoelhar na prancha, virar para o outro lado e pular. Todos cumprimos com sucesso e sem cair. Aí ela falou para fazermos duplas e trocar de prancha. Duas meninas trocaram com sucesso e fomos encorajados e tentar também. Eu e minha parceira (que não conhecia até então) juntamos a prancha, colocamos um pé na prancha da outra e mantivemos o outro pé na nossa e de repente nossas pranchas começaram a se afastar, daí a gente tinha 2 opções: pular ou cair! Eu optei por pular, e fui a primeira no lago! Claro que minha parceira caiu basicamente junto comigo. E de verdade, fiquei impressionada em como a água não estava gelada! Logo que subi na prancha meus dois colegas de laboratório também cairam. E aí tentei de novo com a minha outra colega que também já tinha caído e de novo fomos pra água. Mas aí já não importava mais, já estávamos mesmo molhadas! E a gente não parava mais de rir e tentar de novo.

Cair e levantar 297 vezes.

Depois continuamos meio caminho de volta e a instrutora pediu que ficassem duas pessoas em cada prancha. Quem não tinha caído na tarefa anterior caiu nessa, com exceção de duas meninas que voltaram secas. E ficou meio que livre tentarmos o que quiséssemos, nem sei mais quantas vezes caímos no lago! De lá só atravessamos para a outra margem, deixamos algumas das pranchas de volta e ficamos nadando, tentando subir em 3 na mesma prancha, derrubando quem estava em pé...
Subimos com as pranchas para guardá-las e fomos tomar um banho quente. Depois que saímos do banho o sol resolveu sumir de vez e o ventinho frio fez todo mundo ficar tremendo enquanto começamos a sentir o cheirinho de churrasco. Só para constar, churrasco de carne de porco, frango, salsichas, mas NADA DE CARNE DE VACA! Ah, claro, não podia faltar as batatas. Além de saladas variadas, milho verde e champgnions cozidos no vapor. Tudo uma delícia, acompanhado de cervejas à temperatura ambiente (tô me acostumando já...).

Acendendo as churrasqueiras...

Voltamos pra Aachen já eram quase 19 horas, e eu ainda tinha um bom caminho de trem depois. Mas sinceramente, adoro essas festas de integração dos grupos!! Como já disse várias vezes aqui, alemão gosta de uma festa, mas agora sem dúvidas sei que eles também gostam de um bom discurso, ainda melhor se puder ter os dois juntos!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Boa prática científica



Google Images.



Semana passada fiz um curso muito top chamado “Good Scientific Practice“ com um especialista em ética em saúde e pesquisa, destinado aos alunos do doutorado. Poderia ter sido um pouco mais do mesmo se não fosse a didática incrível do professor e a forma que ele conduziu o curso.
Já é uma experiência à parte estar fora da sua zona de conforto, ou seja, com colegas da psicologia, matemática, física, engenharias, economia, fisiologia, ciência médicas e cardiotecnologia. Interdisciplinar. E além disso, eram alemães, espanhol, indiana, chinesa, japonês, paquistanês, búlgara, suíços e brasileira, claro. Intercultural.

Começamos o curso discutindo as características necessárias para realizar uma boa prática científica (BPC):
- Ter iniciativa;
- Pontualidade (prazos e eventos relacionados ao doutorado);
- Ética;
- Confidencialidade;
- Transparência;
- Ter mente aberta à novas  ideias;
- Documentação apropriada*;
- Autorias apropriadas;
- Novidade;
- Publicar em um único artigo para melhor entendimento;
- Ser educado ao criticar;
- Aceitar críticas;
- Objetividade;
- Independência;
- Justiça;
- Confiança;
- Organização.

A grande novidade pra mim foi a documentação do doutorado e toda regulamentação para uma BPC. Existem diversos códigos de conduta que regulamentam a BPC:   manuais de procedimentos da National ScienceFoundation e dos National Institutes of Health, dos Estados Unidos; o código de conduta dos Research Councils UK, do Reino Unido; o código de conduta das agências australianas de fomento; o código de conduta da European Science Foundation. No site da FAPESP, você tem disponível versões em inglês, espanhol e português.
Uma matéria de agosto da FAPESP relata problemas sérios de má conduta científica que, antes era relacionado à países como EUA, hoje tem se expandido às nações emergentes no mundo da pesquisa, como o Brasil. Nessa mesma matéria fala sobre um estudo sobre causas de retratação de 2.047 artigos científicos, onde 67,4% foram atribuídos à má conduta científica (fraude, publicação duplicada, plágio). Desde 1975 a porcentagem de artigos que precisaram sofrer retratação por fraude aumentou em 10%!!! Leia a matéria completa aqui.
É aí que entra toda documentação* da nossa pesquisa. Faz parte da BPC documentar nosso doutorado e ensinar aos nossos alunos (graduação, mestrado e doutorado) a fazer o mesmo. E tal prática também é capaz de nos proteger. Por exemplo, você fez seu doutorado, publicou um artigo lindo numa revista de alto impacto com seus dados e segue sua vida acadêmica. De repente, você recebe uma carta do editor da revista que publicou seu artigo te acusando de plágio. Sim, isso pode acontecer e sim, ele pode te pedir todos os dados originais E sua documentação de pesquisa. Pasmem, É OBRIGATÓRIO NO MUNDO CIENTÍFICO REGISTRAR E CONSERVAR ACESSIBILIDADE DE DADOS E INFORMAÇÕES. Seu orientador nunca pediu? Pois é, converse com ele sobre isso, pois ele também não deve saber. Nesse caso, o aluno está isento de culpa, mas o orientador e instituição de ensino podem ser punidos por desrespeitar regulamento. Mas se por acaso o regulamento estiver lá nas leis da universidade (geralmente estão), aí meu caro, a culpa é do pesquisador que não leu as leis que regem o programa que faz parte.
Cada país tem uma regra própria sobre tempo de conservação de tais dados, mas jamais ultrapassam os 10 anos. Então por segurança vale a pena esperar esse tempo caso os dados sejam publicados em jornais/revistas que pertençam a outro país e você não queira ler as leis deles também.

Algumas regras importantes para aplicar no seu livro de documentação científica, que deve ser:
- Completo;
- Estruturado;
- Específico;
- Objetivo;
- Durável;
- Preferencialmente em inglês;
- À prova de violação (por exemplo, com número de páginas);
- Acessível;
- Data e horário de anotações.

Há cursos específicos sobre isso aqui, logo que abrir inscrições devo me informar e então posto maiores informações. Após esses 10 anos, dificilmente o seu artigo será contestado, afinal, não será mais novos conhecimentos. E a recomendação é que tais dados devam ser destruídos, principalmente dados pessoais de pacientes.
Outra parte óbvia do curso, mas que acontece muito por aí é a tal “maquilada” nos dados. Não aceite argumentos como “todo mundo faz” ou “só vamos excluir os outliers” ou “se não vai ser impossível publicar”. Ser anti-ético é ser anti-ético e ponto. Não associe seu nome em artigos em que você sabe que aconteceu alguma coisa errada, se alguém te denunciar (não é seu “inimigo” que vai fazer isso, mas um cara lá do outro lado do mundo que adorou sua pesquisa e não consegue reproduzir seus dados) e o jornal pedir seus dados e documentação de tudo... é, você terá problemas! E todos os coleguinhas que assinaram o nome no artigo.
Seu orientador é quem faz você praticar má conduta científica? Denuncie! Muitos pesquisadores tem perdido seu título de doutor e credibilidade no mundo científico por isso (estão na “blacklist” de jornais e revistas científicas), não arrisque uma carreira que está começando (a sua!) por conta de uma pessoa que está fingindo fazer ciência. Se você está fazendo seu doutorado na Alemanha, procure o Ombudsman da sua universidade.
Outra das práticas condenáveis no mundo científico é o chamado “Salami slicing”, sim, é o que você está pensando, é o tal de dividir o seu estudo em 300 partes para publicar em mais artigos. Claro que no Brasil ainda é cobrado demais dos pesquisadores quantidade de publicação, mas acredito que com esse crescimento de plágios e má condutas serão adotados novos modelos como algumas instituições aqui na Alemanha: é pedido ao pesquisador colocar no seu currículo 5-10 publicações que definam seu trabalho, ou seja, se ele tem 30 ou 100 não importa, mas sim o quão importante são suas melhores publicações. Não vale a pena esconder seus dados e deixar de publicar em revistas de maior impacto para publicar em revistas menos importantes. Valorize seu trabalho e faça ciência!
Outra prática comum é o coleguismo na hora de colocar autoria dos artigos. Eu sinceramente depois desse curso vi com novos olhos, estamos tão acostumados com a prática que não nos importamos mais. Mas pensa comigo, o colega de laboratório que parecia tão cheio de boas intenções vai lá, faz a pesquisa, resultados não são bons, ele dá aquela maquilada, fabrica outros resultados e o artigo fica lindo. Você não viu os dados dele, não discutiu os resultados, mas seu orientador colocou na regra do laboratório que seu nome vai junto porque você deu um ou dois conselhos durante pesquisa. É para aumentar publicação do laboratório todo! Cuidado!! Se acontecer dele ser descoberto, você também terá que responder por má prática científica, dizer que você não participou do estudo não adianta, pois responderá por falsa autoria de trabalho, que também é má prática científica! E já pensou perder seu título por uma bobeira dessa de enfiar seu nome em artigo que você nem sabe o que está acontecendo?

Para finalizar o curso, discutimos a seguinte questão: por que ser honesto e praticar a BPC?
- Por ser justo;
- Para fazer ciência (de verdade);
- Para fazer com que fraudes sejam desnecessárias;
- Para o benefício e confiança da sociedade;
- Evitar desperdício de tempo e dinheiro;
- Para defender financiamentos;
- Evitar regulamentos externos;
- Para defender nosso privilégio de independência;
Nenhum desses faz sentido pra você? Então que seja esse: PARA EVITAR PUNIÇÃO!