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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

De que cor é o seu mundo?



 
Fonte: ClipArt


Algumas semanas atrás, na aula de alemão, li uma história fantástica que infelizmente não consigo achar na internet, vou contar ela bem mais ou menos, resumida e porcamente, mas apenas pra passar a mensagem e quando encontrar atualizo o post para dar os devidos créditos:

“Era uma vez, num país qualquer, vamos dizer Alemanha, uma criança nasce com um óculos de lente azul. Ninguém acha estranho, afinal todos nascem com esse acessório nesse país. Não é possível tirá-lo e, enquanto ela cresce, tem apenas uma certeza: o mundo é azul! Enquanto isso em um outro país, vamos dizer Japão, uma outra criança nasce com um óculos de lente amarela. Ninguém acha estranho, porque todos naquele país nascem com o mesmo acessório. Essa criança cresce com uma certeza: o mundo é amarelo! Mas o jovem alemão, com suas lentes azuis, vai morar um tempo no Japão e abre um pouco seus horizontes sobre o mundo. Ele observa os costumes desse país e resolve escrever um artigo com muita propriedade sobre a cultura japonesa: o país é verde!”


Acredito que o texto seja bem claro, e ele é uma ótima introdução sobre o que quero escrever: sabe aquele ditado que a vida filtra nossos amigos? Achei que era besteira. No entanto, escolhas como onde morar, estado civil, filhos, profissão, religião, partido político, todos eles são filtros poderosos. Desde que vim morar na Alemanha, percebi que apesar dos mais de 2 mil amigos no Facebook, cada vez que vou ao Brasil, são menos pessoas que faço questão de visitar ou de me esforçar para fazer alguma programação. Cada vez tenho menos contato com pessoas que nunca foram importante na minha vida. Alguns, ainda que tenha tido pouco contato durante o ano, ainda tenho um carinho imenso e fico mega feliz de encontrar.
Mas o que tem me chamado mais atenção ultimamente é de como política, leia-se hipocrisia e falta de respeito, nos afastam das pessoas, ainda que online (e consequentemente offline). Desde as últimas eleições, são tantas pessoas postando cada coisa revelando um ódio que eu não imaginava ser possível possuir, que infelizmente toda minha vontade de conversar com essa pessoa foi por ralo abaixo. É que ela não sabe mais falar sobre outra coisa, vira um reclamão da vida, da política, de como está tudo errado, do país de merda que vive, que eu tenho sorte de estar longe, e pronto, adeus vontade de continuar vendo suas postagens. Sim amigo, se a carapuça serviu, você provavelmente está bloqueado. Ou talvez você seja um dos amigos excluídos mesmo. É completamente ok ter uma opinião diferente da minha. Acho que é saudável, democrático. Mas é ingênuo pensar que só você tem razão. Acho bacana quem sabe postar sobre coisas diferentes do que eu acredito num ponto de vista que eu entendo, ainda que não concorde.
Da mesma forma que o contrário também é verdadeiro. Algumas pessoas que nunca fui tão amiga, que só está lá no meu facebook nem imagina a simpatia tremenda que tenho por ela só por causa dos vários posts fantásticos! De postar examente o que eu penso, com propriedade, sem atacar ninguém, mas que eu, confesso, deixei de fazer pela preguiça dos comentários.
E ainda outro filtro importante: a religião. Por que uma mulher ainda em pleno século XXI ainda usa o Hijab para se guardar aos seus maridos (feminismo, oi?)? Por que ainda existe pessoas que se confessam com o padre seus pecados (como se ele não fosse pecador...)? Por  que ainda tem gente dando o dinheiro do dízimo pro pastor (!!)? Sério mesmo que tem gente que acredita em espíritos e reencarnação? E a macumba no terreiro? Que saco, por que você ainda não consegue respeitar a crença dos outros? E sim, eu me confesso com o padre regularmente, faço direção espiritual e vou à missa todos os domingos. Não estou em nenhuma pastoral no momento por conta da dificuldade da língua, mas sinto muita falta! Vai morrer esperando o cara que queira que eu use Hijab e me guarde especialmente pra ele. É completamente contramão dos meus princípios culturais. Mas acho a coisa mais linda a forma que uma mulher muçulmana fala sobre isso! Não é porque não é pra mim que preciso fazer piada ou desrespeitar. É assim tão difícil?
O importante aqui é: não precisa ser da mesma religião nem evitar falar do assunto. Nem oito nem oitenta.  Mas precisa ter um pouco de noção e caridade. O mundo não é azul, amarelo ou verde. Tudo depende das suas lentes, de onde você cresceu, o que viu, o que viveu. Ainda assim, confesso que o bonito da sociedade são as diferenças de como cada um enxerga o mundo. Torna as conversas interessantes sair um pouco da zona de conforto, sem vomitar as próprias “verdades” (?), falar sobre coisas que você não conhece e descobrir que tem um mundo maior que o seu particular. Não temos como tiramos nossas lentes de como enxergamos o mundo, mas podemos trabalhar um pouco mais a intolerância, política e religiosa, e explorá-lo!

domingo, 17 de maio de 2015

Um final de semana em Londres

Londres!  ♥
Viajamos na sexta-feira à noite para aproveitarmos melhor o final de semana! Ficamos em um hostel próximo à estação Camden Town. Do aeroporto pegamos um ônibus até Liverpool Street, caminhamos algumas quadras até Moorgate, e de lá pegamos o último metrô para Camden. Nunca imaginei que uma cidade turística como Londres encerraria o metrô à meia noite, mas de qualquer forma é disponibilizado o Night Bus.
Acordamos razoavelmente cedo, tomamos café e compramos o cartão do metrô (Oyster). PS.: vale muito a pena, sai bem mais barato que comprar ticket para cada viagem, o cartão custou 5 pounds e recarga mínima é de 5 pounds. Dá para recuperar o dinheiro não utilizado depois, e também o dinheiro do cartão. Para dois dias, colocamos 20 pounds (já com o dinheiro para comprar o cartão) e foi suficiente. Se utilizar uma única vez, é debitado somente essa viagem, mas para várias, não passa do valor diário de 6,40 pounds, desde que dentro da zona 1 e 2. Mas precisa prestar atenção para validar cartão antes e depois de cada viagem, passamos errado em uma das estações e bagunçamos todo sistema, mas daí é só ir no guichê, ele viu qual foi o problema no extrato, e estornou o dinheiro que perdemos (por um erro nosso!!).

Borough Market

Pegamos então metrô para a London Bridge e saímos caminhando pela cidade. Esbarramos sem querer na Borough Market e entramos para passear (adoro feiras de qualquer coisa). E sim, os ônibus vermelhos de dois andares pelas ruas são lindos!! Cruzando a London Bridge, tivemos uma vista linda e completa da famosa Tower Bridge, inaugurada em 1894, sobre o rio Tâmisa.

Tower Bridge

Tower Bridge

Caminhamos até mais pertinho e passamos também ao lado da London Tower. Não entramos por termos pouco tempo e não queríamos desperdiçar nossa primeira vez em Londres em museus. Mas por curiosidade, é lá que estão as joias da coroa britânica. Foi construída em 1078, já foi zoológico, prisão, local de tortura e execuções (entre elas a de Ana Bolena), além de palácio real. 


London Tower
London Tower

De lá pegamos o metrô da estação Tower Hill até Embankment, caminhamos próximo ao rio Tâmisa, passamos pela London Eye, a famosa roda gigante de Londres. Eu queria muito ir para ter a vista da cidade, mas o tempo estava horroroso (super nublado), e decidimos então deixar para uma próxima visita. A roda gigante foi inaugurada em 1999, com intenção de ser a Roda do Milênio (Millennium Wheel). Tem 135 metros, mas já não é mais a maior roda gigante do mundo.

London Eye

Fomos chegando cada vez mais perto do Parlamento Britânico (Parliament of the United Kingdom of Great Britain and NorthernIreland). E lá são mil fotos, é lindo demais, de todos os ângulos e arredores da cidade quando aparece um pedacinho dele. Outra curiosidade: Big Ben é o nome do sino localizado na Torre do Relógio, e não da torre em si.

Parlamento Britânico
A Torre do Relógio e o Big Ben

Passamos pelo Palácio de Westminster, Westminster Abbey e cruzamos o St. James’s Park até o Palácio de Buckingham e o Memorial de Vitória em frente. Confesso que fiquei decepcionada com a Rainha, que palácio mais sem graça! A Europa tem centenas de palácios e castelos muito mais bonitos. Dizem ainda que ele foi bombardeado 7x durante a Segunda Guerra Mundial!

Palácio de Buckingham
Portão para o Green Park

Logo ao lado tem o portão para o Green Park, basicamente logo em seguida começa o famoso (e gigantesco) Hyde Park, de 142 hectares, quase do tamanho do Ibirapuera (158 hectares). Mas se contar a área do Kensington Gardens (111 hectares), fica obviamente bem maior.

Piccadilly Circus

Piccadilly Circus com Estátua de Eros ao fundo

Mas vimos pouco do parque, fizemos uma curva em direção à Piccadilly Circus, uma das áreas mais movimentadas de Londres, um pouco a la Times Square NY. Queria demais assistir a um musical, quase fiquei maluca com tanta opção, mas de novo, pouco tempo! Mais um pouquinho e chegamos em Chinatown! Vários restaurantes, padarias, mercados, lojas e souvenires chineses. Infelizmente chegamos depois de almoçar (Ed’s Easy Diner – super Burger americano, recomendo!!) em Soho. Mas prometemos voltar no dia seguinte.

Chinatown

Escolhemos apenas um Museu para essa vez: British Museum, e foi uma decisão feliz. É de graça e vale a pena. Escolhemos uma das alas para aproveitar bem, pois obviamente em apenas poucas horas não é possível ver o museu todo. Escolhi a ala das múmias e foi incrível!
British Museum


Múmias!!

Voltamos caminhando para próximo do rio e passamos pela Downing Street (Casa do Primeiro Ministro Britânico). E após uma boa visão noturna dos principais pontos turísticos (dessa vez iluminados e ainda mais lindos), encerramos a noite em um PUB Inglês.

Londres à noite

Como sou MUITO turista, iniciamos o domingo no metrô em direção à King’s Cross! Tirei minha foto super micosa na Plataforma ¾ em direção à Hogwarts!!! E quase morri dentro da loja de souvenires. De lá pegamos metrô para Green Park para vermos a tal troca da guarda real. Disseram que é uma cerimônia imperdível, mas sinceramente só perdemos nosso pouco tempo.

Platform ¾

Passamos novamente pela Westminster Abbey, fundada em 960, estilo gótico, é a igreja mais importante de Londres da Inglaterra, local onde ocorre a coroação do Monarca do Reino Unido. Dessa vez não tivemos tempo de visitar (a missa era muito cedo e não conseguimos levantar), e de domingo não é aberta ao público.

Westminster Abbey

Voltamos para o Piccadilly Circus e almoçamos no Chinatown. NOTA: garçons chineses são mega mal educados!!! A comida vale a pena, mas parece que eles estão tempo todo de saco cheio de turistas. 

Palácio de Kensington

Metrô para South Kensington, passeamos pela Kensington Gardens e passamos pelo Palácio de Kensington, residência oficial do Duque e Duquesa de Cambridge e dos filhos George e Charlotte. Cruzamos o parque em direção a Nothing Hill e encontramos algumas lojas abertas, feira de antiguidades... metrô de novo para St Paul’s para assistir missa na Catedral de St. Paul, onde a Lady Diana se casou.

Catedral de St. Paul


Finalizamos o segundo e último dia em Londres em outro PUB Inglês perto do nosso hostel: The World’s End (Camden). TOP com um heavy metal tocando ao fundo. Dia seguinte madrugada: aeroporto e trabalho! Voltaremos em breve, com toda certeza!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

A outra saudade...

"E aquele adeus não pude dar..."

Quando nos decidimos morar fora do país, obviamente pensamos em tudo de bom que terá na nossa nova vida: aprendizado de uma nova língua, oportunidade de conviver com novas culturas, conhecer pessoas com histórias completamente diferentes da sua, sair da sua zona de conforto, abrir a cabeça para novas ideias, se desfazer daquela pessoa velha e se vestir de novo, se reinventar, além de conhecer lugares incríveis! Tenho o privilégio de dizer que em um ano morando na Alemanha, os pontos positivos foram muito além de todos esses!
Mas a vida não é feita apenas de alegrias. Obviamente a saudade é esmagadora. Dói. Mas sempre soube que um dia retornaria e poderia matar essa saudade que tanto machuca no peito. O que ninguém me contou é que nem todo mundo estaria lá me esperando. E isso dói ainda mais. Dói...
A perda de uma pessoa querida quando estamos longe é devastadora! Não que fosse mudar alguma coisa se pudesse estar perto... mas ao menos os abraços que tanto recebi online estariam lá, me esperando para me aliviar. Tenho sorte de ter recebido outros abraços aqui, especiais e reconfortantes também. Mas é aquele momento que queremos os abraços que um dia já abraçaram a mesma pessoa que se foi, e que podem dividir momentos de alegria e amenizar um pouco essa dor que fica.
O sentimento de impotência arrasa. A morte inesperada choca. As palavras faltam. Assistir de longe tantos depoimentos e mensagens para a pessoa que se foi é como assistir a um filme da tela do computador. Classificação: pesadelo.
E de novo a balança pesa: o quanto vale a pena ficar tão longe das pessoas que amamos? A vida é tão breve, para outros ainda mais... o quanto estamos dispostos a pagar pelas novas experiências de vida? Saudades de tantas pessoas queridas que ficaram no meu Brasil, mas hoje, a saudade é outra! 
Mas as boas lembranças ficam, e quantas lembranças! E ainda precisamos resgatar força para agradecer. Sim, agradecer pela vida linda que você teve entre a gente, e por ter a chance de ter compartilhado 17 dos seus 27 anos de sua vida. Tantas sementinhas que você plantou, de amor, amizade e força estão brotando, e essas, não vão morrer jamais. Mas hoje, a saudade fica... e dói! Te amo gordinha, e esse amor é pra sempre!

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Oche! Alaaf! Helau!

Oche! Alaaf! Oche! Alaaf! Oche! Alaaf!
Düsseldorf! Helau! Düsseldorf! Helau! Düüüüsseldooorf! Helau!
Sempre três vezes. Cada região tem seu grito para o carnaval. O primeiro foi o de Aachen e o segundo, obviamente, de Düsseldorf. Não sei o porquê três vezes, mas nem os alemães sabem.

Luigi e Mario

Bom, não sou a maior fã do carnaval, mesmo sendo brasileira. Gosto do feriado e de assistir um ou outro desfile das escolas de samba na TV, torço pela Rosas de Ouro em SP e pela Beija Flor no RJ (campeã 2015!!!!). Mas sinceramente, a melhor forma de passar o carnaval, pra mim, é na praia!! Mas aqui o carnaval é no frio, e estava curiosa pra saber como é que os alemães celebram.
Na verdade, o “Karneval” começa no dia 11.11 às 11:11 e só acaba na quarta feira de cinzas (Aschermittwoch). Obviamente nesse dia (ano passado caiu numa terça feira) estava trabalhando e não vi nada de carnaval, mas teve desfile em Düsseldorf e a estação estava lotada de gente fantasiada logo de manhã com seus fardinhos de cerveja.

Comendo Berliner antes de ir para a Matinê

Mas enfim, desde então, só ouvi falar de novo no carnaval esse ano, quando decidimos pela fantasia que usaríamos: Mario e Luigi. Como sou baixinha e gordinha, optei pelo Mario. E então, na quinta feira antes do nosso carnaval no Brasil (Weiberfastnacht), fomos trabalhar normalmente e às 11:11 abrimos nossas cervejas e comemos Berliner. Berliner é quase igual nosso sonho de padaria, mas dentro tem marmelada... nunca vou entender essa dos alemães de tomar cerveja com doce. Enfim. De lá fomos para algo similar a uma matinê, pagamos pela entrada para poder entrar numa espécie de tenda construída no centro de Aachen. Ficamos numa roda razoavelmente grande, com os pesquisadores, professores, outros labs e mesmo funcionários do instituto.

Dentro da matinê em Aachen

Lá dentro tinha música ao vivo, mas sério, música alemã de carnaval lembra muito Oktoberfest. Não tem absolutamente nada de animada, mas eles gostam muito de se abraçar e jogar pé pra lá e o outro pra cá. Rolou uns trenzinhos, enfim, me diverti super porque estávamos em um grupo grande!!
Sábado não fizemos nada porque era Valentine’s Day. Esse ano teve comemoração com direito a café da manhã reforçado, flores e jantar especial... mas voltando para o Karneval, aqui em Düsseldorf eles fecharam a Kö, sei que no sábado teve um desfile de crianças e adolescentes, domingo fomos pra rua e tive certeza de uma coisa: alemão leva a sério esse negócio de se fantasiar! 

Mariano e Cruella arraZando no carnaval de Düsseldorf

Durante todos os dias de carnaval, eu diria que 90% das pessoas se fantasiam e bebem MUITA cerveja. As músicas são as mesmas e alguns grupos insistem no abraço e pezinho pra lá e pra cá!

Batuque brasileiro na Königsalle

Pessoal fantasiado na Kö

Ainda assim o ponto alto mesmo é a segunda feira: Rosenmontag. Mas não se engane, carnaval aqui não é feriado. Algumas regiões da Alemanha nem tem essa celebração toda, meu namorado mesmo é de Hamburg e esse ano foi a primeira vez que ele viu carnaval na Alemanha. Máximo que ele teve foi se fantasiar para ir à escola quando criança. Mas a região que a gente mora tem tradição bem antiga e é celebrado em várias cidades da região. E na Rosenmontag é o dia do desfile das escolas de samba! Sóquenão. A parte do desfile é sério, e sim, existem vários blocos de carnaval que fazem seus carros alegóricos para o desfile. Alguns desfilam a pé, outro no caminhão de som, outros a cavalo. O que importa é desfilar, gritar “Düsseldorf” para o povo responder “Helau” e jogar doces! Voltei para casa com toblerone, chocolate, pirulito, balas e chicletes, e olha que dei vários paras as crianças mais lentas que nunca pegavam nada perto de mim. Tem o povo que vai preparado com guarda chuva aberto ao contrário para coletar os doces!! Hahaha

Desfile de carnaval em Düsseldorf

A diferença é que o objetivo é completamente outro. No Brasil é um campeonato, obviamente as escolas dão o sangue pra ganhar e são verdadeiros desfiles reais. Aqui é só um desfile mesmo, alguns grupos até se esforçam para passar uma mensagem para o público, geralmente bem carregada de sarcasmo político, com a chanceler alemã e/ou grupos extremistas/terroristas.


Desfile de carnaval em Düsseldorf

Desfile de carnaval em Düsseldorf


Agora que já vi o carnaval, próximo ano planejo seriamente poder passar carnaval no Brasil de novo, de preferência em qualquer praia, com uma cervejinha gelada e o sol me tostando!! 

quarta-feira, 25 de março de 2015

Sobre doar sangue na Alemanha

Fonte: Vampire Service - Uniklinik Aachen

Faz quase um ano que moro na Alemanha e desde então eu estava na época de voltar para o hemocentro mais próximo para doar sangue e nunca consegui me programar. Fiz um acordo comigo mesma que durante a quaresma eu finalmente iria, claro que só cumpri na última semana, mas pelo menos eu fui.
A triagem é basicamente a mesma que no Brasil, a única diferença é que os alemães são um pouco mais burocráticos com papel. Obviamente o questionário inicial era em alemão, o recepcionista até me pediu desculpas e perguntou se tinha problema, eu disse que não, uma vez que meu colega estava comigo e tudo que não entendesse eu poderia perguntar pela tradução.
Em seguida fui para a picadinha no dedo, lá a enfermeira também só falava alemão, mas foi tranquilo com meu básico, uma vez que só precisei dizer se era minha primeira vez doando sangue e responder perguntas básicas como peso, altura, etc.
Antes da doação, o médico precisa assinar a triagem e te autorizar a doar, e aí foi onde encontrei o problema. Perguntei para a médica se ela falava inglês (apesar de estar “proibida” de falar inglês no trabalho, me sinto muito mais confortável com o inglês), e ela já respondeu que não, e que se eu não falo alemão, não poderia doar sangue. Falei que poderia falar alemão desde que ela falasse devagar, e aí ela me respondeu que não, se eu não falo e não leio bem o alemão, que realmente não seria possível. Disse ainda pra eu aprender e depois poderia voltar. Fiquei indignada, e respondi que meu sangue agora é o mesmo de quando eu estiver falando alemão!! E aí ela respondeu qualquer coisa muito mal educada e que ela tinha muito trabalho a fazer (apesar de não entender o alemão, entendo perfeitamente a grosseria), percebeu que eu não entendi e repetiu: “tá vendo, você não me entende, você não pode doar”. Até aí todo o diálogo foi em alemão, mas aí eu perdi a paciência e comecei a responder em inglês e ela continuava falando em alemão, falei que era muito errado que ninguém tivesse me avisado antes, porque perdi um bom pedaço da minha tarde de trabalho preenchendo questionário, levei a picada no dedo que é razoavelmente dolorosa, que não era justo ser barrada pela língua. Que caso fosse realmente uma necessidade, deveria ter sido avisada de início. Como ela não cedeu, pedi a pasta com o meu questionário e documentos, ela não deve ter me entendido porque foi buscar outro arquivo em branco, respondi que não queria souvenir, só queria meu arquivo com MINHAS informações, uma vez que meu sangue não seria aceito, não queria que eles tivessem respostas pessoais com meu endereço, telefone etc. Ela repetiu que eu poderia voltar quando falasse alemão, respondi que não ia voltar, que preferia doar quando voltasse para meu país, porque lá eles precisam de sangue e não rejeitam um doador sem razão.
Enfim, quando saí da sala dela, meu colega estava saindo da entrevista dele com outro médico, e ele me apresentou como a brasileira que eles tinham falado antes. O médico precisava de ajuda para escrever um e-mail em português para um hemocentro no RJ!! Oi? Pois é. Traduzi o e-mail dele para o português e, no fim, ele me perguntou se eu ainda queria doar sangue, que por ele tudo bem, e pediu desculpas pela colega, pois ela não falava inglês.
Ou seja, no fim deu tudo certo, o problema não é não falar alemão, mas ter o azar de encontrar um(a) médico(a) mal humorado(a) que não queira se esforçar um pouco. E nem estou falando que ela deveria ter falado inglês comigo, mas ela nem ao menos tentou fazer a avaliação em alemão! Uma vez que ela percebeu que eu não sou fluente no idioma, foi o suficiente para me descartar. O pior de tudo é que ela é médica de um hospital UNIVERSITÁRIO onde mais de 10% dos alunos são estrangeiros. Aachen é uma cidade na tríplice fronteira com Bélgica e Holanda! Fico imaginando quantos universitários não tentaram doar sangue e foram dispensados por ela!
Enfim, na sala para a doação propriamente dita consegui me comunicar muito bem com os enfermeiros em alemão, obrigada (foi ainda outra desculpa da médica, de que se eu passasse mal não conseguiria me comunicar). Lá me ofereceram um brinde por ser minha primeira vez: uma camiseta ou uma regata ou ainda uma bolsa. Soube ainda que a partir da segunda vez, eles dão uma gratificação de 25 euros para os doadores! Foi quando entendi o porquê tinham tantos doadores! E ainda ganhei uma sombrinha do hospital como agradecimento pela tradução do e-mail, que considerei mais como um pedido de desculpas pela má criação da médica. Sério, qual a dificuldade em dizer: “Desculpa, você precisa entender bem o que estamos perguntando e eu particularmente não falo inglês, você poderia esperar para ser atendida pelo meu colega?”. Eu entenderia perfeitamente e ainda pediria desculpas pelo incômodo. Realmente não sabia que na Alemanha eu seria paga pela doação, fui com a melhor das intenções, e acredito que não tem outra explicação além de Deus ter intercedido no momento, afinal, qual a probabilidade de alguém precisar escrever um e-mail em português?! Hahaha.

Para quem estiver em Aachen e tem interesse em doar sangue, é só clicar aqui no link da Uniklinik. Independente de ser pago ou não, continua sendo uma boa ação. Com seu sangue é possível salvar até 3 vidas! As considerações são as mesmas internacionalmente: vá bem alimentado, com uma boa noite de sono, se hidrate antes e após a doação e não pratique atividades físicas logo em seguida. E ignorem comportamentos como esse, felizmente são exceções. Afinal, pessoas de mal com a vida existe em qualquer lugar!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Férias no Brasil!

Demorei mas finalmente consegui escrever sobre as melhores férias que tive desde que vim morar na Alemanha: Brasil!! Desculpa Europa, você é um charme, mas não existe absolutamente nada parecido com estar em casa.
Foram 20 dias que passaram voando, mas que valeram a pena cada minuto. Mesmo que tenha chovido na nossa praia e eu não tenha conseguido minha marca de biquíni master, eu ainda consegui tirar a nhaca de dias sem sol. Mesmo que a chuva tenha alagado o subsolo e com isso o elevador tenha sido desligado e por isso ficamos todos com dores musculares por descer 16 andares pela escada, ainda assim, nada paga a companhia de vocês!

Guarujá, SP, com direito à caipirinha.

Valeu a pena cada minuto no ninho, tanto no colo do pai e da mãe quando dando colo para uma pequena linda que eu quase morro todos os dias por estar perdendo tanto do seu desenvolvimento. E que o Skype não supre a falta que ela me faz! Aliás, voltei ainda mais apaixonada, o amor é tanto que não há mau humor matinal que resista à um “titia, vem pá sala brincá com a duda, já é de manhã”, às 7:30. E brincar de esconde-esconde, massinha, desenhar (ainda bem que ela ainda não entende os rabiscos toscos da titia), assistir o filme do bruxinho (Harry Potter), Peppa Pig, ouvir a Mônica cantando que vai patinar (?), etc.

Aproveitando cada minuto com ela.

Amor define.

E as comidas?! Arroz e feijão todos os dias. MUITA carne. Churrasco. Tapioca no café da manhã. Rodízio de comida japonesa – no Kosan, claro. Cerveja gelada. Trincando de gelada. Estupidamente gelada. Frutas com sabor !!! Suco bagaço. Comida do sítio da vó. Comida das tias. Comida da mamis. Comida da minha irmã. Pizza do meu pai. Açaí batido com morango, banana picada, granola, leite condensado e leite ninho. Cozinhar “em casa”.

Todo dia era dia de cozinhar, de fazer festa, de beber uma cervejinha, de receber visitas especiais.

Sem contar os barzinhos em Bauru em ótima companhia. Um pulinho ali do lado em Jaú para uma terapia (Shopping do calçado). Missas em português, com abraço, músicas conhecidas, e que fica ainda mais especial junto com a família São Benê. Rever algumas das minhas crianças que não são mais crianças já no Crisma e morrer de orgulho! Almoço de domingo que já é especial por si só. Compras!!!

Um pouco da boa companhia em Bauru.

Foi bem loucura, já cheguei quase na ceia de natal, depois já era ano novo, e uma semana depois já tive que voltar para São Paulo pegar meu voo. Infelizmente não consegui ver todo mundo, mas fiquei super feliz com todos que consegui rever.

Papis e Mamis.

Soul Sister.

Já entrei no avião com saudades. E com muitas lágrimas nos olhos. E vim pensando em todas as repetidas perguntas sobre minha vida na Alemanha, achei bacana saber de alguns que acompanham o blog... mas me incomodou muito os discursos de ódio sobre eu querer voltar para o Brasil um dia. Ou post de brasileiros que moram na Alemanha e também vieram ao Brasil e reclamavam diariamente de alguma coisa: do calor, da burocracia brasileira, da falta de transporte, do quanto era perigoso sair a noite sozinho, que tudo fecha nas festas (aqui tudo fecha nos domingos!), do Roberto Carlos na TV, enfim, sabe, voltou porquê?
A pergunta mais esquisita que me fizeram era o que eu estranhei quando cheguei no Brasil. Para ser sincera, único momento de confusão que eu tive foi no mesmo dia que cheguei (cheguei às 7h e fomos direto para o litoral) e de tarde caminhando de volta para o apartamento escutei um grupo de turistas conversando em português e fiquei prestando atenção até exclamar: “olha, são brasileiros também”! Mas poxa, cansaço, jetlag, primeiro dia, vamos dar o devido desconto. De resto nada mudou. Não me senti ameaçada achando que seria assaltada a qualquer momento, ou forcei um sotaque alemão, falei “Ja” no lugar de “Sim” (conheci uma menina no aeroporto vindo da Holanda que fazia isso conversando comigo, tipo, sério? Se fosse minha amiga mandava falar direito), nada disso. Como dizia Charlie Brown, foi tudo “natural como a luz do dia”.
Aos que odeiam tanto o Brasil e acham que é tão legal morar fora (e é mesmo uma experiência incrível!!!), se joga sabe, mas é feio cuspir no prato que come. É amargo. Faz mal! Eu sou completamente aberta ao meu futuro, sei que vou morar na Alemanha até finalizar meu doutorado, e que volto a morar no Brasil por pelo menos mesmo período que morei na Alemanha, assinei um contrato e vou cumpri-lo sem sofrimento. Depois disso, pode ser que eu perceba que nunca mais quero sair do Brasil, ou que o mundo fique pequeno e eu resolva morar cada ano em um país diferente. Não sei. Mas independente de onde eu decida morar, vai ser por opção. Eu escolhi morar na Alemanha e sou feliz aqui. E quando eu voltar tenho certeza que vou ser feliz no Brasil. Não sintam pena do meu futuro, independente de onde ele seja.

Enfim, claro que o momento mais difícil foi a despedida no aeroporto, ainda mais difícil que quando me despedi pela primeira vez. Se eu pudesse traria todo mundo comigo, e pronto, sem angústia! Mas um pedacinho meu ficou, de novo. Ainda me perguntam se eu voltaria a viver no Brasil... e recuperar meu pedacinho que ficou lá?! Com toda certeza!! Adoro o estilo e qualidade de vida que tenho na Alemanha, mas vivi 26 anos muito felizes no Brasil, não vão ser 4 anos que vão me fazer esquecer deles! E começa a nova contagem regressiva, não vejo a hora de abraçar todos vocês de novo.

Família linda na despedida no aeroporto.